quarta-feira, 11 de abril de 2012

Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.

Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de oito anos, no máximo.

Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas as pessoas são honestas e boas.

Quero acreditar que tudo é possível.

Quero que as complexidades da vida passem desapercebidas por mim, e quero ficar encantado com as pequenas maravilhas deste mundo.

Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Estou cansado de dias cheios de computadores que falham, montanhas de papelada, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças, e a necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe.

Não quero mais ter de inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.

Não quero mais ser obrigado a dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida.

Quero ter a certeza de que Deus está no céu, e de que, por isso, tudo está direitinho neste mundo.

Quero ir ao McDonalds ou à pizzaria da esquina, e achar bem melhor do que um restaurante cinco estrelas.

Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva.

Quero jogar pedrinhas n'água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.

Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.

Quero ficar feliz quando amadurece o primeiro caju ou a primeira manga, quando a jabuticabeira fica pretinha de fruta.

Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos.

Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.

Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de gude ou uma pelada...

Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, as cantigas de roda, a "Batatinha quando nasce", e a "Ave Maria", e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia...

Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.

Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.

E o que é mais: quero estar convencido de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!

Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem.

A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto. Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque...

PIQUE! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!

e, para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto.

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ!

Aqui estão alguns dos nossos mais profundos, sinceros e ocultos desejos.

A simplicidade do universo de uma criança faz muita falta em nossos dias, em nossos corações.

A ambição e o egoísmo acabam sempre se tornando maiores.

Por isso, de vez em quando, demita-se! Afaste-se dos sentimentos mesquinhos e pequenos do mundo dos adultos. E fique mais próximo do único sentimento que realmente vale a pena - o AMOR.

E viva mais feliz

quinta-feira, 15 de março de 2012

O URSO E A PANELA

O URSO E A PANELA

Um grande urso, vagando pela floresta, percebeu que um acampamento estava vazio. Foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida.

Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.

Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.

O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.

Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.

Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.


Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.

Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder.

SOLTE A PANELA!

domingo, 16 de outubro de 2011

A Ratoeira

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira. Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:

- Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!

A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:

- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até o cordeiro e disse a ele:

- Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira.

- Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.

O rato dirigiu-se então à vaca. Ela disse:

- O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro.

Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a cauda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher.

O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal; a galinha.

Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o cordeiro.

A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral.
O fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.

Na próxima vez que você ouvir dizer
que alguém está diante de um problema
e acreditar que o problema não lhe diz respeito,
lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa,
toda a fazenda corre risco.

sábado, 13 de novembro de 2010

Conta-se que por volta do ano 250 a.c., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador. Mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe. Isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da china.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisaria se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.

Ela estava admirada. Nunca havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz; a flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei, eram estéreis.

A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz,
que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Um navio carregado de ouro, revestido de todo o cuidado e segurança, atravessava o oceano quando, de repente, o motor enguiçou.

Imediatamente o comandante mandou chamar o técnico do porto mais próximo. Ele trabalhou durante uma semana, porém sem resultados concretos.

Chamaram então o melhor engenheiro naval do país. O engenheiro trabalhou três dias inteiros, sem descanso, mas nada conseguiu; o navio continuava enguiçado.

A empresa proprietária do navio mandou então buscar o maior especialista do mundo naquele tipo de motor. Ele chegou, olhou detidamente a casa das máquinas, escutou o barulho do vapor, apalpou a tubulação e, abrindo a sua valise, retirou um pequeno martelo. Deu uma martelada em uma válvula vermelha que estava meio solta e guardou o martelo de volta na valise. Mandou ligar o motor, e este funcionou na primeira tentativa.

Dias depois chegaram as contas ao escritório da empresa de navegação.

Por uma semana de trabalho, o técnico cobrou US$700.

O engenheiro naval cobrou, por três dias de trabalho, US$900.

Já o especialista, por sua vez, cobrou US$10.000 pelo serviço.

Atônito com esta última conta, o Diretor Financeiro da empresa enviou um telegrama ao especialista, perguntando: "Como você chegou a esse valor de US$10 mil por cerca de 1 minuto de trabalho e uma única martelada?"

O especialista então enviou os seguintes detalhes do cálculo à empresa: "Por dar 1 martelada US$1; por saber onde bater o martelo US$9.999."

Moral da história:
"O que vale no Universo não é dar a martelada,
e sim saber onde bater o martelo".
A martelada em si você pode até delegar para outro.
E é por (querer) ignorar isto que muitos subestimam certos tipos de trabalho,
que são trivialmente avaliados pelo tempo de duração.
No mundo dos negócios todos são pagos em duas moedas:
dinheiro e experiência.
Agarre a experiência primeiro; o dinheiro virá depois.

(Harold Geneen)

sábado, 23 de outubro de 2010




Sherlock Holmes e Dr. Watson vão acampar... Montam a barraca e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir. Algumas horas depois, Holmes acorda e cutuca seu fiel amigo:

- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê?

Watson responde:

- Vejo milhares e milhares de estrelas.

Holmes então pergunta:

- E o que isso significa?

Watson pondera por um minuto, depois enumera:

1) Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias e, potencialmente, bilhões de planetas.

2) Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.

3) Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 3h15min pela altura em que se encontra a Estrela Polar.

4) Teologicamente, posso ver que Deus é todo poderoso e somos pequenos e insignificantes.

5) Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia amanhã. Correto?

Holmes fica um minuto em silêncio, então responde:

- Watson, seu idiota! Significa apenas que alguém roubou nossa barraca!!!

A vida é simples,

nós é que temos a mania de complicar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

HABEAS PINHO

HABEAS-PINHO

Em 1955, em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta. Ele peticionou em Juízo para que fosse liberado o violão. Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas-Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste. Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal. Eis a famosa petição:

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca:

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola,
É simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão,
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade,
Ao crime ele nunca se mistura,
Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpetua,
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo pelo Amor da noite,
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito,
É crime, porventura, o infeliz
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando ali as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento,
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.

O juiz Arthur Moura, sem perder o ponto, deu a sentença no mesmo tom:

"Para que eu não carregue remorso no coração,
Determino que seja entregue ao seu dono,
Desde logo,
O malfadado violão!"